sexta-feira, 21 de março de 2008

Obesidade e comportamentos associados



Segundo o jornal Público, a obesidade e as doenças relacionadas, como a diabetes e as patologias cardíacas, estão relacionadas com o rompimento de cadeias inteiras de genes, causado por sobrealimentação ou dietas com muitas gorduras, afirmam investigadores ligados à Merck que publicaram dois estudos na revista Nature.

Recorrendo a um novo método para analisar o ADN, os investigadores concluíram que a obesidade é uma patologia complexa em formas que até agora não tinham sido compreendidas. Reuters Eric E. Schadt, director de genética nos Merck Research Laboratories, afirmou que a obesidade não é uma doença que resulte de uma só mudança num só gene; muda cadeias inteiras.

Ao alimentar ratos com dietas com muitas gorduras, semelhantes à seguidas por muitas pessoas nos países desenvolvidos, a equipa de Schadt identificou cadeias formadas por centenas de genes cujos equilíbrios são “totalmente abalados pela exposição” a este tipo de alimentação.

Os investigadores também encontraram estas cadeias genéticas em humanos, quando analisaram uma base de dados de pessoas que a Decode Genetics Inc estava a acompanhar na Islândia. Os dois grupos de cientistas uniram então esforços e analisaram mil amostras de sangue e quase 700 amostras de tecido gordo de indivíduos islandeses, descobrindo que as pessoas com Índices de Massa Muscular (IMC) mais elevados possuem, nos tecidos gordos, padrões característicos de activação de genes que não se verificam no ADN obtido a partir do sangue.

“O que isto nos diz é que as formas comuns desta doença são muito complexas. Testes genéticos simples não conseguem detectar estas cadeias”, vincou Schadt, revelando que a sua equipa pretende continuar a estudar estas cadeias e descobrir quais os genes que têm maior intervenção no desenvolvimento da obesidade, podendo este trabalho resultar em fármacos que manipulem a actividade destes genes ou em métodos de análise que poderão determinar o padrão particular de cada pessoa e detectar precocemente a respectiva predisposição para desenvolver patologias associadas à má alimentação.

“Se uma pessoa não mudar o seu estilo de vida, poderemos identificar qual a cadeia que vai ser mais alterada e manipular essa cadeia de volta a um estado em que parece que a pessoa tem uma dieta normal”, adianta Schadt, vincando, no entanto, que “boa dieta e exercício continua provavelmente a ser o melhor tratamento ou a melhor forma de prevenir o surgimento da obesidade”.

Sistema imunitário

A equipa dos Merck Research Laboratories nota ainda que as doenças ligadas à obesidade têm aparentemente origem no sistema imunitário. “As cadeias representam um enriquecimento para os genes relacionados com os macrófagos [tipo de glóbulo branco com grandes dimensões que elimina corpos estranhos]. Num estado normal, estas células mantêm-nos livres de infecções combatendo coisas que nos querem fazer mal. Esta cadeia é também significativamente alterada quando se segue uma dieta com muitas gorduras”, indica um dos dois estudos publicados na Nature.

Algumas pessoas têm cadeias que as predispõe para terem diabetes quando se tornam obesas, outras para terem colesterol elevado e artérias obstruídas. Algumas cadeias parecem predispor pessoas para a síndrome metabólica, cujos doentes desenvolvem uma série de sintomas incluindo taxa elevada de açúcar no sangue, hipertensão arterial e obstrução das artérias. E algumas pessoas mais sortudas podem tornar-se obesas sem sofrerem as aparentes consequências directas na saúde, pelo menos no que respeita às doenças cardíacas e à diabetes.

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